terça-feira, outubro 22, 2013

Blog Superação Síndrome do Pânico

Pessoal, criei um novo blog pra assuntos relacionados à ansiedade, Síndrome do Pânico e como superar. 

Chama-se Reprogramando a Mente. Basta clicar aqui. Abs.

terça-feira, dezembro 20, 2011

Enfrentar, aceitar, flutuar, deixar o tempo passar - por Claire Weekes

O principio do tratamento pode ser resumido no seguinte:

Enfrentar.

Aceitar.
Flutuar.
Deixar o tempo passar.

Nada há de misterioso ou surpreendente nesse tratamento, mas é esclarecedor ver quantas pessoas afundaram ainda mais em seu colapso por fazer exatamente o oposto.

Olhemos de novo rapidamente a pessoa descrita no ultimo capitulo, a pessoa que tem medo de sensações físicas despertadas pelo medo, e vejamos se podemos determinar o tratamento que ela própria deu ao colapso que sofreu.

Em primeiro lugar, ela ficou indevidamente alarmada pelos sintomas, examinando cada um deles à medida que aparecia, observando-os apreensiva. Tentou livrar-se das sensações indesejáveis tornando-se tensa para enfrentá-las ou expulsá-las, procurando agitadamente ocupação para forçar o esquecimento. Em outras palavras, lutando ou fugindo.

Alem disso, sentiu-se perplexa porque não conseguia encontrar a cura da noite para o dia. Continuava lembrando-se e preocupando-se porque passara muito tempo e ela ainda não estava curada, como se aquilo fosse um mau espírito que pudesse ser exorcizado, se ela ou o medico conhecesse o truque. Estava impaciemte com o tempo:

Em suma, passava seu tempo:
Fugindo, sem enfrentar.
Lutando, sem aceitar.
Parando e “prestando atenção”, sem passar flutuando.
Sendo impaciente com o tempo, em deixar o tempo passar.Agora, consideremos, como você pode curar-se enfrentando, aceitando, flutuando e deixando o tempo passar.


Comece com a sensação nervosa em seu estomago, o chamado estomago embrulhado. Pode ser um estremecimento desagradável ou pode ser uma pressão firme como algo quente que passe de seu estomago para suas costas. Não fuja dela. Acompanhe-a. relaxe-se e analise-a. leve uns dez minutos para fazer isso, antes de continuar lendo.
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Agora que você enfrentou e examinou, é muito terrível? Se tivesse artrite no pulso, você estaria preparado para trabalhar com a dor da artrite sem ficar muito perturbado. Porque considerar essa sensação no estomago tão diferente da dor comum a ponto de poder assustá-lo? Deixe de considerá-la como um monstro que tenta dominá-lo. Compreenda que não é mais do que a ação de nervos descarregadores de adrenalina ultra-sensibilizados e que, encolhendo-se constantemente para fugir deles, você estimulou um fluxo excessivo de adrenalina que excitou mais seus nervos de modo a produzirem mais sensações no estomago.
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Enquanto examina e analisa esse estômago embrulhado, uma coisa estranha pode acontecer: você pode descobrir que sua atenção está-se desviando de si próprio. Essa “coisa”, que parecia tão terrível enquanto permanecia tenso e fugia dela, pode não prender mais sua atenção durante muito tempo quando você a vê como ela é – nada mais do que uma estranha sensação física, sem grande significação medica e incapaz de causar verdadeiro mal.

Por isso, prepare-se para aceitá-la e viver com ela durante algum tempo. Aceite-a como algo que estará com você durante mais algum tempo. Aceite-a como algo que oportunamente o deixará, se você estiver preparado para deixar o tempo passar e não ficar observando ansioso o seu estômago embrulhado enquanto ele passa.

À medida que melhora, que não tem mais medo do estômago embrulhado, que não tenta curá-lo controlando-o e que se sente preparado para aceitá-lo e trabalhar com ele presente, você se tornará mais interessado em outras coisas e gradualmente deixará de notar se o estômago está embrulhado ou não. Este é o caminho da recuperação.

Pela verdadeira aceitação, você rompe o ciclo medo-adrenalina-medo, em outras palavras o ciclo estômago embrulhado-adrenalina-estômago embrulhado.

VERDADEIRA ACEITAÇÃO
Nesta discussão você terá apreciado que verdadeira aceitação é a chave de sua recuperação e, antes de continuar com o exame de seus outros sintomas, devemos ter certeza de que compreendemos sua significação exata.

Descobri que alguns pacientes se queixavam: “Eu aceitei meu estomago embrulhado, mas ele ainda está lá. Que é que eu faço agora?” Como você pode tê-lo aceitado, se ainda se queixa a respeito dele?

Ou então, como me disse um velho: “Depois do desjejum, o estomago começa a embrulhar. Não posso ficar sentado lá e deixá-lo embrulhar. Se o ficasse, estaria exausto depois de uma hora, por isso preciso levantar-me e caminhar. Mas estou cansado demais para caminhar. Que devo fazer.” Perguntei-lhe: “Você aceitou realmente seu estomago embrulhado?” “Oh, é claro que sim”, respondeu indignado. “Eu não tenho mais medo dele.”

Mas obviamente tinha. Tinha medo que depois de uma hora com o estomago embrulhado ficasse exausto, por isso sentava-se tensamente temendo o estomago embrulhado, fugindo dele quando chegava e preocupando-se com a exaustão que se seguiria. Naturalmente, o estomago embrulhado, que é em si próprio um sintoma de tensão, vem inevitavelmente quando a pessoa o espera tão tensamente.

Tentei fazer esse velho compreender que precisava estar preparado para deixar seu estomago embrulhar e continuar lendo seu jornal, sem prestar atenção a isso. Só assim estaria verdadeiramente aceitando seu estomago embrulhado. Dessa maneira, e só dessa maneira, chegaria oportunamente ao estágio em que não importaria mais se o estomago embrulhava ou não. Depois livre do estimulo da tensão e ansiedade, seus nervos descarregadores de adrenalina se acalmariam gradualmente e o estomago automaticamente embrulharia menos e finalmente deixaria de embrulhar.

A este homem nada mais foi pedido do que mudar sua posição de apreensão para aceitação. Os sintomas desse tipo de colapso são sempre um reflexo de sua disposição de ânimo. Contudo, é bom lembrar que pode demorar algum tempo para que seu corpo reaja à nova disposição de aceitação e ele pode continuar durante algum tempo a refletir a disposição tensa e amedrontada das semanas, meses ou anos anteriores. Esta é uma das razoes pelas quais colapso nervosos pode ser intrigante e pelas quais aquele velho ficou intrigado. Ele começou a aceitar, mas quando os sintomas não desapareceram imediatamente, logo perdeu a coragem e ficou novamente apreensivo, embora tentando convencer-se de que estava aceitando. Leva tempo para um corpo estabelecer aceitação como disposição de animo e para que esta oportunidade traga paz, da mesma maneira como leva tempo para que o medo se torne estabelecido como tensão e ansiedade continuas. É por isso que “deixar o tempo passar” é parte tão importante de seu tratamento e é por isso que eu acentuei o fato vezes e vezes. Tempo é a resposta. Mas é preciso que aja aquele fundo de verdadeira aceitação enquanto se espera que o tempo passe.

Certifique-se de que você entende a diferença entre verdadeira aceitação e apenas pensar que está aceitando. Se é capaz de deixar seu estomago embrulhar, suas mãos suarem, seu coração bater rapidamente e sua cabeça doer, sem lhes prestar muita atenção, você está verdadeiramente aceitando. Não importa muito se a principio você não puder fazer isso calmamente. Pode ser impossível sentir-se calmo nesse estágio. Tudo quanto eu lhe peço como verdadeira aceitação é estar preparado pra viver e trabalhar com seus sintomas sem lhes dedicar muito respeito.


O Limitado Poder dos Nervos Descarregadores de Adrenalina

Depois de examinar essas “terríveis sensações”, eu quero que você permaneça sentado, concentre-se em cada uma delas por suas vez e tente torná-las piores. Você descobrirá que não é capaz.

Aparentemente, o poder dos nervos descarregadores de adrenalina é limitado. Você talvez consiga intensificar ligeiramente seu efeito com concentração, mas só ligeiramente. No entanto, durante todo esse tempo, sem percebê-lo, você esteve se encolhendo para não enfrentar esses sintomas diretamente porque, se o fizesse, poderia torná-los pior. Era como se você estivesse olhando de esguelha para eles, cheio de medo.

Deixe-me tranqüilizá-lo. Você não pode aumentar seus sintomas enfrentando-os ou mesmo tentando intensificá-los. De fato, você talvez descubra que, quando tenta conscientemente torná-los piores, eles melhoram. O próprio ato de concentrar-se neles dessa maneira significa que, pelo menos durante algum tempo, você os olha com interesse e não com medo, e mesmo essa folga da tensão pode ter um efeito calmante. Sintomas só podem ser intensificados por medo e sua resultante tensão, nunca por relaxamento, enfrentamento e aceitação. Você está começando a desconfiar que seus sintomas o enganaram? Sem duvida nenhuma.

Uma estudante cujas sensações eram muito semelhantes às que eu descrevi não conseguia progredir em seu estudo por causa do coração disparado, mãos suadas e estomago embrulhado. Um dia, quando pensava que ia ficar louco a menos que obtivesse alivio, um amigo, ex-soldado, foi visitá-lo. Ele falou ao amigo sobre seus sofrimentos e acrescentou; “Não posso aquentar mais. Fiz tudo o que pude para lutar contra isso e não sei mais pra onde me voltar. Certamente existe um meio de sair deste inferno.”

O amigo explicou que, na frente de batalha, muitos soldados tinham os nervos assim até quando percebiam que estavam apenas sendo enganados por eles.aconselhou o jovem a não se deixar mais enganar por seus nervos, passar flutuando sobre todas as sugestões de auto piedade e medo, e continuar trabalhando.

O estudante viu a luz e, enquanto, antes evitava por um pé a frente do outro por temor de lesar seu coração, em duas semanas estava escalando montanhas. Isso aconteceu há anos. A pessoa ainda tem sensações semelhantes quando se esforça demais, mas sabe que elas passarão se relaxar-se, aceitá-las e passar por elas flutuando. Aprendeu a viver com seus nervos.

Flutuar

Flutuar é tão importante quanto aceitar e tem efeitos igualmente mágicos. Eu poderia dizer que “flutuar”e não “lutar”deve ser seu lema, porque a verdade é essa.

Permita-me ilustrar mais claramente a significação de flutuar neste sentido. Uma paciente ficou com tanto medo de encontrar gente que não entrou em lojas durante meses. Quando lhe pedi para fazer uma pequena compra, ela disse: “Não posso entrar em uma loja. Eu tentei, mas não posso. Quanto mais me esforço, sinto-me paralisada e não consigo por um pé à frente do outro. Assim, por favor, não me peça para entrar em uma loja.”

Falei-lhe que podia ter pouca esperança de conseguir resultados enquanto tentasse forçar-se daquela maneira. Essa era a luta contra a qual eu a prevenira anteriormente. Expliquei que ela devia imaginar que entrava flutuando na loja, não que lutava para caminhar até seu interior. Para tornar isso mais fácil, ela podia imaginar que estava realmente em cima de uma nuvem, flutuando através da porta. Expliquei também que ela podia ajudar-se ainda mais fazendo todo pensamento obstrutivo sair flutuando de sua cabeça, reconhecendo que não eram mais que um pensamento e que não precisava deixar-se enganar e dar-lhe atenção.

Quando voltou, estava alegríssima e me disse: “Não me detenha. Ainda estou flutuando. Quer que eu flutue para algum outro lugar?”

É estranho, não é, como uma simples palavra pôde libertar uma mente que estava presa havia meses? A explicação é muito simples. Quando luta, você fica tenso e tensão inibe ação. Quando pensa em flutuar, você se relaxa e isso ajuda a ação. Essa mulher estava em tal estado de tensão que eu a vi quase derramar lagrimas quando, com mãos tremulas, tentava encontrar uma chave de automóvel em sua bolsa. Depois que aprendeu a flutuar, um dia, quando se entregava a busca semelhante, ela me disse; “Sinto muito estar tomando seu tempo. As chaves não podem estar muito longe. Já passei flutuando por duas contas, um batom e uma bolsinha. Vou flutuar mais um pouco mais um pouco e encontrá-las.”as mãos, antes tremulas, estavam quase firmes. Ela havia aprendido a passar flutuando pela tensão.

Inatividade perfeita

Inatividade perfeita é outra maneira de descrever a ação de flutuar. Significa abandonar a luta, deixar de agüentar firme tentando controlar seu medo, tentando ‘fazer alguma coisa contra aquilo”, ao mesmo tempo que se submete a constante auto-análise. Significa não tentar mais sair do colapso pelo seu próprio caminho, enfrentando cada obstáculo, como se fosse um desafio que precisa ser vencido antes que se torne possível a recuperação. Significa contornar a luta, caminhar em volta da montanha, não sobre ela, flutuar e deixar o tempo passar.

A pessoa mediana, que lutam tensamente, tem aversão inata a praticar inatividade perfeita e deixar as coisas correrem. Pensa vagamente que, se o fizesse, perderia o controle sobre o ultimo vestígio de sua força de vontade e suas coisas ruiriam. Como disse um jovem: “Eu sinto que preciso ficar de guarda. Se deixasse as coisas correrem, certamente algo arrebentaria. É absolutamente necessário que eu mantenha o controle e agüente firme.” Quando era obrigado a falar com estranhos, enterrava as unhas nas palmas da mão, enquanto tentava controlar seu corpo trêmulo e ocultar seu estado de tensão nervosa.

Olhava o relógio ansiosamente, perguntando a si próprio por quanto tempo mais conseguiria manter esse disfarce sem se desmanchar.

Afrouxando Sua Atitude

É especialmente para essas pessoas tensas, controladas, que roem unhas, que eu digo: “Pratique inatividade perfeita e deixe as coisas correrem.” Se seu corpo treme, deixe-o tremer. Não se sinta obrigado a fazê-lo parar. Não tente ser normal. Nem mesmo tente relaxar-se. Simplesmente deixe a idéia de relaxação entrar em sua mente, em sua atitude para com seu corpo. Afrouxe sua atitude. Em outras palavras, não se preocupe porque está tenso e não consegue relaxar-se. O próprio ato de estar preparado para aceitar sua tensão relaxa sua mente e a relaxação do corpo segue-se gradualmente. Você não precisa esforçar-se para obter relaxação. Precisa esperar por ela. Quando um paciente diz; “Tentei o dia inteiro ficar relaxado”, certamente ele teve um dia de esforço, não de relaxação. Deixe seu corpo encontrar seu próprio nível sem controlá-lo e dirigi-lo. Creia-me, se fizer isso, você não se desmanchará. Não abandonará o verdadeiro controle sobre si próprio. Você subirá flutuando das profundezas do desespero até a superfície.

O alivio de afrouxar seu tenso domínio sobre si próprio, de abandonar a luta e reconhecer que não existe batalha a travar, exceto a que você próprio cria, pode trazer uma calma que você esqueceu que existia dentro de si. Em seu tenso esforço para controlar-se, você tem descarregado cada vez mais adrenalina e excitado seus órgãos de modo a produzirem as próprias sensações de que você estava tentando escapar.

Passe flutuando pela tensão e pelo medo.
Passe flutuando por sugestões indesejáveis.
Flutue, não lute.
Aceite e deixe o tempo passar. 


(extraído do livro ´Domine seus nervos´)

domingo, setembro 11, 2011

Pintar é preciso

Radicada na Alemanha, a carioca Cristina Canale denuncia a "arte de brechó"

Cleusa Maria
(publicado no JB de 12/11/2002)

(...)
Na entrevista abaixo, Cristina Canale diz que já perdeu a paciência com essa conversa de que a pintura já era. Mas sabe que há artistas que pintam e fingem que não: "Eles saem pela tangente. Isso é a cara dos anos 90".

- No que a Alemanha colaborou com sua carreira?

- Primeiro, com muita tranquilidade. Tive também informações em primeira mão. Quando se recebe uma informação no Brasil, ela já vem com juízo de valor, que não é necessariamente o meu. A Alemanha, atualmente, é o grande centro de arte do mundo, com Inglaterra e Estados Unidos. Tem um circuito muito forte e um grande número de museus, galerias, centros culturais. Desmistifiquei um punhado de coisas nesses anos morando em Berlim e parti para ser o que sou mesmo como artista.

- E o que a senhora é mesmo como artista?
- Sou uma pintora. Isso eu decidi. Vamos parar com esse papo de que pintura já era, de que é uma linguagem que não se adapta aos tempos contemporâneos. Nossa percepção emocional continua precisando de imagens materiais do mesmo jeito que antes. Podem até mudar os códigos, as formas de contemplação. Atualmente, alguém pintar como Leonardo [Da Vinci] seria um pouco defasado, mas há outras maneiras de pintar.

- Qual é o grande desafio da pintura hoje?

- Com toda essa carga de tradição, com todo um caminho trilhado na História da Arte, o maior desafio é conseguir avançar na imagem, trazer uma pintura inusitada. Isso não se dá apenas na pintura, mas na arte de modo geral. Tem muita arte de brechó por aí.

- E o que é arte de brechó?

- Você pega catálogos dos anos 60, ainda em preto e branco, e vê trabalhos iguaizinhos aos que os novíssimos estão fazendo. Fico me questionando se eles sabem que os avós deles faziam isso também. A grande maioria dos pintores, não só no Brasil como no mundo, está fazendo uma boa pintura. Mas tem um monte de gente que pinta e finge que não está pintando, sai pela tangente. Isso é a cara da década de 90.

- Como está o mercado para a pintura?

- De uns anos pra cá, o interesse dos colecionadores e do público, na Europa, voltou a crescer. No meu caso, vai lento, mas vai [o preço médio de uma tela de Cristina é de R$ 15 mil]. O europeu, principalmente o alemão, precisa de muito tempo pra assimilar o trabalho de um artista.

- Como vai a arte brasileira?

- Quando cheguei na Alemanha, havia muita ignorância sobre a arte brasileira. Dizer que era um artista brasileiro era como se dizer um esquimó. Isso já mudou, depois das participações dos brasileiros na Documenta de Kassel e de exposições como a da coleção de Gilberto Chateaubriand.

Atualmente, no Brasil, já existe um meio complexo com exposições importantes e curadores, que pode não ser tão eficiente ou grande como na Alemanha - que tem trilhões de dólares pra gastar - mas existe. Quando comecei há 20 anos, essa rede era mais simplória. Hoje os artistas são mais bem trabalhados, nacional e internacionalmente. Acho que há uma arrancada da arte no mundo inteiro, desde a década de 80.

- E aonde essa arrancada vai levar?

- Acho que estamos num impasse. Depois da euforia dos anos 80, da estabilização dos anos 90, a pergunta que se faz é: o que significa ser um artista profissional? Como continuar sendo artista, vivendo de arte e conseguir realizar suas idéias com autonomia? É preciso ter uma certa doutrina de não se deixar levar pelos modismos.

- A arte entrou na moda?

- Eu questiono se as pessoas estão realmente olhando a arte ou se, quando vão a exposições grandonas, estão a fim é de diversão. Sera que essas exposições funcionam como um parque de diversões pros adultos e não como um exercício de olhar, de pensar, de questionar? Às vezes, a arte pode cair no factóide, no entretenimento, e perder a profundidade. Outro dia, tinha uma artista em Berlim que fez uma instalação montando uma sauna a vapor com a água que havia sido usada para lavar cadáveres...Nesse circuito de diretores de instituições, críticos de arte, curadores cada vez mais poderosos, me pergunto: onde ficam os artistas?

- E onde ficam?

- Nos seus ateliês, se confrontando com suas questões, tentando solucionar seus trabalhos, no meio dessa teia aleatória, autônoma. Arte não é isso. Nessa rede de poder, onde deveria ser a estrela, o artista acaba correndo o risco de virar um dependente.

sábado, setembro 03, 2011

O que acontece durante uma crise / ataque de pânico

(Texto extraido de "Vencendo o Pânico - Instruções Passo a Passo para quem Sofre de Ataques de Pânico" do prof Bernard Rangé - UFRJ)
Link para o manual - http://www.4shared.com/document/q1asTbty/Vencendo_o_Panico_-_Prof_Berna.htm

Embora uma definição verdadeira da ansiedade que cubra todos os seus aspectos seja muito difícil de ser alcançada (apesar das muitas publicações referentes ao assunto), todos conhecem este sentimento. Não há uma só pessoa que nunca tenha experimentado algum grau de ansiedade, seja por estar entrando em uma sala de aula justo antes de uma prova, ou por acordar no meio da noite certa de que ouviu algum ruído estranho do lado de fora da casa. 

Contudo, o que é menos conhecido é que sensações, tais como fortes tonteiras, manchas e borrões dos olhos, dormências ou formigamentos, músculos duros e quase paralisados e sentimentos de falta de ar que podem levar até a sensações de sufocamento ou asfixia, podem também fazer parte da reação de ansiedade. Quando estas sensações ocorrem e as pessoas não entendem o por quê, a ansiedade pode aumentar até níveis de pânico , já que elas imaginam que podem estar tendo algum tipo de ataque ou até mesmo morrendo.


Ansiedade é a reação ao perigo ou à ameaça. Cientificamente, ansiedades imediatas ou de curto período são definidas como reações de luta-ou-fuga.
São assim denominadas porque todos os seus efeitos estão diretamente voltados para lutar ou fugir de um perigo. Assim o objetivo número um da ansiedade é o de proteger o organismo.

Quando nossos ancestrais viviam em cavernas, era-lhes vital uma reação automática para que quando estivessem defrontados com um perigo, fossem capazes de uma ação imediata (atacar ou fugir).

Mas mesmo nos dias de hoje este é um mecanismo necessário. Imagine que você está atravessando a rua quando de repente um carro, a toda velocidade, vem em sua direção buzinando freneticamente. Se você não experimenta-se absolutamente nenhuma ansiedade, você seria morto. Contudo, mais provavelmente, sua reação de luta-ou-fuga tomaria conta de você e você correria para sair do caminho dele para ficar em segurança. 
A moral desta estória é simples - a função da ansiedade é proteger o organismo, não prejudicá-lo. Seria totalmente sem sentido da parte da natureza desenvolver um mecanismo cuja função primordial fosse a de proteger o organismo e, por assim fazer o prejudicar.

A melhor forma de pensar sobre todos os sistemas de respostas de luta-ou-fuga (ansiedade) é lembrar que todos estão voltados para deixar o organismo preparado para uma ação imediata e que seu objetivo primordial é protegê-lo.

Quando alguma forma de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia mensagens a uma seção de nervos chamados de sistema nervoso autônomo. Este sistema possui duas subseções ou ramos: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. São exatamente estas duas subseções que estão diretamente relacionadas no controle dos níveis de energia do corpo e de sua preparação para a ação.

Colocando de uma forma mais simples, o sistema nervosos simpático é o sistema da reação de luta-ou-fuga que libera energia e coloca o corpo pronto para a ação; enquanto que o parassimpático, é o sistema de restauração que traz o corpo a seu estado normal.

Um aspecto importante é que o sistema nervoso simpático tende muito a ser um sistema “tudo-ou-nada”, isto é, quando ativado, todas as suas partes vão reagir. Em outras palavras: ou todos os sintomas são experimentados ou nenhum deles o é. É raro que ocorram mudanças em apenas uma parte do corpo somente. Isto talvez explique o fato de ataques de pânico envolver tantos sintomas e não apenas um ou dois.

Um dos efeitos principais do sistema nervoso simpático é a liberação de duas substancias químicas no organismo: adrenalina e noradrenalina, fabricadas pelas glândulas supra-renais. Estas substancias, por sua vez, são usadas como mensageiras pelo sistema nervoso simpático para continuar a atividade de modo que, uma vez que estas atividades comecem, elas freqüentemente continuam e aumentam durante um certo período de tempo. 

Contudo, é muito importante observar que a atividade no sistema nervoso simpático é interrompida de duas formas. Primeiramente, as substancias que serviam como mensageiras – adrenalina e noradrenalina – são de alguma forma destruídas por outras substancias do corpo. Segundo, o sistema nervoso parassimpático– que geralmente tem efeito oposto ao sistema nervoso simpático – fica ativado e restaura sua sensação de relaxamento.

É importante perceber que, em algum momento, o corpo cansará da reação de luta-ou-fuga e ele próprio ativará o sistema nervoso parassimpático para restaurar um estado de relaxamento. Em outras palavras, a ansiedade não pode continuar sempre aumentando e entrar numa espiral sempre crescente que conduza a níveis possivelmente prejudiciais. O sistema nervoso parassimpático é um protetor “embutido” que impede o sistema nervoso simpático de se desgovernar.
Outra observação importante é que as substancias mensageiras, adrenalina e noradrenalina, levam algum tempo para serem destruídas. Assim mesmo depois que o perigo tenha passado e que seu sistema nervoso simpático já tenha parado de reagir, você ainda se sentirá alerta e apreensivo por algum tempo, porque as substancias ainda estão “flutuando” em seu sistema.

Você deve sempre lembrar-se que isto é absolutamente natural e sem perigo. Aliás, isto é uma função adaptativa porque, quando se viviam na época das cavernas, num ambiente selvagem, o perigo geralmente tinha o hábito de atacar de novo, e é útil ao organismo estar preparado para ativar o mais rápido possível a reação de luta-ou-fuga.

A atividade do sistema nervoso simpático produz uma aceleração do batimento cardíaco, como também um aumento na sua força. Isto é vital para a preparação da luta-ou-fuga, já que ajuda a tornar mais veloz o fluxo de sangue e assim melhora a distribuição de oxigênio nos tecidos e a remoção de produtos inúteis nos mesmos. 
É devido a isso que experimentamos um batimento cardíaco acelerado ou muito forte, típicos de períodos de alta ansiedade ou pânico.

Alem da aceleração do batimento cardíaco, há também uma mudança no fluxo de sangue. Basicamente, o sangue é redirecionado sendo “reduzido” em algumas partes do corpo onde ele não é tão essencial naquele momento (através do estreitamento dos vasos sanguíneos) e é direcionado as partes onde é mais essencial (através da expansão dos vasos sangüíneos).

Por exemplo, o fluxo de sangue é reduzido na pele, nos dedos das mãos e dos pés. Este mecanismo é útil para que, se a pessoa for atacada ou ferida de alguma forma, este mesmo mecanismo impedirá que a pessoa morra por hemorragia. Por isso, durante a ansiedade, a pele fica pálida e sentimos frio em nossas mãos e pés, e até mesmo algumas vezes, podemos sentir dormências ou formigamentos. Por outro lado, o sangue é direcionado aos músculos grandes, como os das coxas ou dos bíceps, o que ajuda o corpo em sua preparação para a ação.

A reação de luta-ou-fuga está associada também com o crescimento da velocidade e profundidade da respiração, isto tem uma importância óbvia para a defesa do organismo, já que os tecidos precisam de mais oxigênio para estar preparados para a ação. As sensações provocadas por este aumento na função respiratória podem, contudo, incluir sensações de falta de ar, engasgar ou sufocar, e até mesmo dores e pressões no peito.

Também importante é o efeito colateral decorrente do crescimento na função respiratória, especialmente se nenhuma atividade real ocorrer, que é a de haver uma redução real do fluxo de sangue para a cabeça. Por ser uma quantidade insignificante, não chega a ser perigoso para a saúde, mas produz uma série de sintomas desagradáveis (mas sem prejuízo algum) e que podem incluir tonteiras, visão borrada, confusão, fuga da realidade e sensações de frio e calor fortes

A ativação da reação de luta-ou-fuga produz um aumento na transpiração, isto tem funções adaptativas importantes, como por exemplo tornar a pele mais escorregadia para que, dessa forma, fique mais difícil para um predador agarrar um corpo e também para resfria-lo de modo a evitar um superaquecimento.

A ativação do sistema nervoso simpático produz uma serie de outros efeitos, nenhum dos quais sendo de modo algum prejudiciais ao corpo. Por exemplo, as pupilas se dilatam para permitir a entrada de mais luminosidade, o que pode resultar em uma visão borrada, manchas na frente dos olhos e assim por diante.

Ocorre também uma redução na produção de saliva, resultando em uma boca seca. Há uma redução na atividade do sistema digestivo, o que geralmente produz náuseas, uma sensação de peso no estomago e também constipação ou diarréia. Por fim diversos grupos de músculos se tencionam preparando-se para a reação de luta-ou-fuga e isso resulta em sintomas de tenção muitas vezes estendendo-se a dores reais como também a tremores.

Acima de tudo, a reação de luta-ou-fuga resulta em uma ativação geral do metabolismo corporal. Por isso uma pessoa pode sentir sensações de calor e frio e porque este processo utiliza muita energia, depois a pessoa se sente geralmente cansada e esgotada.

Como já mencionado antes, a reação de luta-ou-fuga prepara o corpo para a ação _ seja atacar ou fugir. Por isso, não é surpreendente que os impulsos avassaladores associados com esta reação sejam os de agressão e desejo de fugir. Quando estes não são capazes de serem realizados (devidos a coação social), os estímulos serão frequentemente expressos por comportamentos como bater os pés, marcar passos ou insultar pessoas. Isto é, os sentimentos produzidos são como os de quem está preso e está precisando fugir
O efeito número um da reação de luta-ou-fuga é alertar o organismo para a possível existência do perigo. Portanto, há uma mudança automática e imediata na atenção para pesquisar o ambiente em busca de ameaças em potencial. Por isso passa a ser muito difícil concentrar-se em tarefas diárias quando alguém está ansioso.
Às vezes uma ameaça obvia não pode ser encontrada. Infelizmente, a maioria das pessoas não aceita o fato de não encontrar uma explicação para alguma coisa. Portanto, em muitos casos, quando as pessoas não conseguem explicar seus sentimentos, elas tendem a procurar em si próprias. Em outras palavras, “se nada exterior está me deixando ansioso, então deve haver algo de errado comigo mesmo”.

Neste caso o cerebro inventa uma explicação como “eu devo estar morrendo, perdendo o controle ou ficando louco”. Como já vimos, nada poderia ser menos verdadeiro, já que a função primordial da reação de luta-ou-fuga é a de proteger o organismo, e não de prejudica-lo. Por isso mesmo, são pensamentos compreensíveis.

Até agora, nós observamos as reações e os componentes da ansiedade em geral ou da reação de luta-ou-fuga. Contudo, você pode estar se perguntando como tudo isso se aplica a ataques de pânico? Afinal, por que a reação de luta-ou-fuga é ativada durante um ataque de pânico, já que não há, aparentemente, nada a temer?

De acordo com uma grande quantidade de pesquisas, o que causa o pânico é o medo que as pessoas que experimentam ataques de pânico têm das próprias sensações da reação de luta-ou-fuga. Assim, ataques de pânico podem ser vistos como uma série de sintomas físicos inesperados e uma reação de pânico ou de medo desses sintomas.

A segunda parte deste modelo é fácil de ser compreendida. Como já visto antes, a reação de luta-ou-fuga (onde os sintomas físicos tem um papel importante) levam ao cérebro a procurar perigos.  

Quando o cérebro não consegue encontrar nenhum perigo óbvio, ele passa a procurar no interior da pessoa e inventa um perigo como “estou morrendo, estou perdendo o controle, estou sumindo, etc.”. Como as interpretações dos sintomas físicos são assustadoras é compreensível o aparecimento do medo e do pânico.
Por sua vez, estes dois sentimentos produzem mais sintomas físicos, e por isso se introduz um ciclo de sintomas, medo, sintomas, medo, sintomas e assim por diante.

A primeira parte do modelo é mais difícil de ser compreendida: por que você experimenta os sintomas físicos da reação de luta-ou-fuga se você não está com medo? Existem muitas formas para que estes sintomas sejam produzidos; não apenas através do medo. Por exemplo, você está estressado e isto resulta em um aumento da produção de adrenalina e outras substancias que, de tempo em tempo, produzem estes sintomas. Este aumento na produção de adrenalina pode ser quimicamente mantido no organismo, mesmo depois do desaparecimento do fator que gerava este estresse.

Outra possibilidade, é que você tende a respirar um pouco mais rápido (hiperventilação sutil) devido a um hábito já aprendido, e isto também pode produzir estes sintomas. Como a hiper-respiraçao é menos intensa, você pode se acostumar com esta forma de respiração, e não reparar que você está hiperventilando.

Uma terceira possibilidade é que você esteja experimentando mudanças naturais em seu corpo (o que todos experimentam, mas nem todos as percebem) e, justamente por estar constantemente verificando e monitorando seu corpo, você passa a reparar muito mais nestas sensações do que outras pessoas.

Além das duas outras razões já descritas que produzem sintomas físicos (estresse e hiper-respiraçao), você também poderá se tornar consciente destes sintomas físicos como resultado de um processo denominado condicionamento interoceptivo. 
Como os sintomas físicos ficaram associados com o trauma do pânico eles se tornaram sinais significativos de perigo e ameaças a você (isto é, eles se tornaram estímulos condicionados).

Como resultado, é muito provável que você se torne altamente sensível a estes sintomas e reaja com receio, simplesmente devido à experiências passadas de pânico com as quais elas foram associadas. Como conseqüência deste tipo de associação condicionada, é possível que sintomas produzidos por atividades regulares sejam também levadas ao ponto de uma crise de pânico.

Mesmo que não estejamos certos do fato do por que alguém experimenta os sintomas iniciais, assegure-se de que eles são uma parte da reação de luta-ou-fuga e por isso inofensivos a qualquer pessoa.

Uma vez acreditando convictamente (100%) que estas sensações físicas não são perigosas, o medo e o pânico desaparecerão e você não mais experimentará ataques de pânico, porque passará a interpretar de maneira consciente esses sintomas e se tornará convencido de que estes sintomas são inofensivos.

Resumindo, a ansiedade é cientificamente conhecida como reação de luta-ou-fuga, sendo sua função primordial a de ativar o organismo e de protegê-lo do perigo. Associadas a esta reação, estão uma serie de mudanças mentais, físicas e comportamentais.

É importante notar que, uma vez que o perigo tenha desaparecido, muitas dessas mudanças (especialmente as físicas) continuarão praticamente com controle autônomo sobre si próprias, devido ao aprendizado e a outras mudanças corporais de longo prazo. Quando os sintomas físicos surgem na ausência de uma explicação óbvia, as pessoas costumam interpretar erradamente os sintomas de luta-ou-fuga como indicativos de sérios problemas mentais ou físicos. 

Neste caso, as próprias sensações podem se tornar ameaçadoras e, justamente por isso, podem desencadear uma nova reação de luta-ou-fuga. Muitas pessoas, quando experimentam os sintomas da reação de luta-ou-fuga, acreditam estar ficando loucas.

Algumas pessoas acreditam que vão “perder o controle” quando entrarem em pânico. Presumidamente, elas acham que vão se paralisar completamente e ficarão incapazes de se mover ou que não vão saber o que estão fazendo e por isso vão sair correndo, gritando ou pedindo socorro. Por não saber o que possa acontecer podem também experimentar um sentimento dominante de “catástrofe iminente”.

Considerando nossas discussões anteriores, podemos agora saber de onde surge este sentimento. Durante uma crise de ansiedade o corpo está preparado para ação e neste momento há um enorme desejo de fuga. Contudo, a reação de luta-ou-fuga não produzirá paralisia. Ao invés disso, toda a reação é direcionada a afastar o organismo do local em que está. Além disso, você deve se lembrar que mesmo com grande grau de ansiedade você sempre se manteve integro e não fez nenhuma das coisas das quais temeu fazer, porque mesmo que a reação de luta-ou-fuga o faça sentir-se um pouco confuso, irreal e distraído, você ainda é capaz de pensar e funcionar normalmente. Simplesmente pense sobre quão frequentemente as outras pessoas nem notam que você está tendo um ataque de pânico.

Muitas pessoas têm receio do que lhes pode acontecer como conseqüência a seus sintomas, talvez devido a alguma crença de que seus nervos podem se esgotar e elas possam talvez entrar em colapso. Como já discutido anteriormente a reação de luta-ou-fuga é produzida dominantemente por atividades no sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso parassimpático é, de certa forma, uma salvaguarda contra a possibilidade do sistema nervosos simpático entre aspas “danificar-se”
Os nervos não são como fios elétricos e a ansiedade não é capaz de danificá-los, prejudicá-los ou desgastá-los. E a pior coisa que poderia acontecer durante um ataque de pânico seria que a pessoa poderia desmaiar, sendo que se isso acontecesse, o sistema nervoso simpático interromperia sua atividade e a pessoa recuperaria seus sentidos em poucos segundos. Contudo, desmaiar em conseqüência da reação de luta-ou-fuga é extremamente raro, mas se isso acontecer, é um modo adaptativo de impedir que o sistema nervoso simpático fique fora de controle.

Muitas pessoas interpretam erradamente os sintomas da reação de luta-ou-fuga e acreditam que elas estejam morrendo de um ataque cardíaco. Isto é porque talvez não tenham um conhecimento suficiente sobre a doença coronariana e ver como isso difere de ataques de pânico.

Os sintomas principais de ataques cardíacos são falta de ar e dores no peito, como também, ocasionalmente, palpitações e desmaio. Os sintomas de ataques cardíacos estão geralmente relacionados diretamente com esforço. Isto é, com quanto mais esforço você fizer, piores serão os sintomas; e quanto menos você se esforçar, melhores. Os sintomas desaparecerão de forma relativamente rápida com descanso.

Isto é muito diferente dos sintomas associados com ataques de pânico, que frequentemente ocorrem durante um estado de repouso e parecem ter vida própria. Certamente, ataques de pânico podem ocorrer durante exercícios ou podem inclusive piorar com exercícios, mas são diferentes de ataques cardíacos, pois podem se produzir também freqüentemente durante repouso. Mais importante ainda é notar que um ataque cardíaco irá quase sempre produzir mudanças elétricas no coração que podem ser detectadas em eletrocardiogramas (ECG). Em ataques de pânico a única mudança que é detectada por um ECG é um pequeno aumento no ritmo cardíaco.  

Por isso, se você já passou por um eletrocardiograma e o médico lhe disse que tudo está bem esteja certo de que você não sofre de nenhum problema no coração. Também, se seus sintomas ocorrem a qualquer momento e não apenas após algum esforço físico, isto é uma evidencia adicional contra a possibilidade de um ataque cardíaco.

A FISIOLOGIA DA HIPERVENTILAÇAO

O corpo precisa de oxigênio para sobreviver. Quando uma pessoa inspira, o oxigênio é levado para os pulmões onde é apanhado pela hemoglobina (a substancia química “colada ao oxigênio” no sangue).

A hemoglobina leva o oxigênio pelo corpo onde é liberada para ser usada pelas células. As células usam o oxigênio nas suas reações de energia produzindo consequentemente um subproduto de dióxido de carbono (CO2) que é por sua vez devolvido ao sangue, transportado novamente aos pulmões e finalmente expirado.

Um controle eficiente das reações de energia do corpo depende da manutenção de um equilíbrio especifico entre oxigênio e CO2. Este equilíbrio pode ser mantido principalmente através do ritmo e da profundidade da respiração.
Obviamente respirar “demais” terá um efeito de aumentar os níveis de CO2; enquanto que respirar “de menos” terá o efeito contrário, ou seja, reduzir a quantidade de oxigênio no sangue e aumentar a quantidade de CO2. A taxa apropriada de respiração durante um repouso deve ser de 10-14 respirações por minuto.

A hiperventilação é definida como um ritmo e uma profundidade de respiração exagerada para as necessidades do corpo em um momento especifico.

Naturalmente, se a necessidade de oxigênio e a produção de CO2 aumentarem (como durante um exercício físico), a respiração deveria aumentar correspondentemente. Alternadamente, se a necessidade de oxigênio e a produção de CO2 ficarem ambas reduzidas (como durante um período de relaxamento) a respiração deve respectivamente reduzir-se também. 
Enquanto que a maioria dos mecanismos corporais é controlada por meios químicos e físicos “automáticos” (e respirar não é uma exceção), a respiração tem uma propriedade adicional que é a de ser capaz de ser submetida a um controle voluntário. Por exemplo, é muito fácil para nós prender a respiração (nadando debaixo d`água) ou aumentar o ritmo da respiração (soprando um balão).

Uma serie de fatores “não-automáticos” como as emoções, o estresse ou o hábito, podem causar um aumento no ritmo de nossa respiração. Estes fatores podem ser especialmente importantes para pessoas que sofrem de ataques de pânico, causando uma tendência a respirar “demais”.

Também interessante, é que enquanto a maioria de nós considera que o oxigênio é o fator determinante em nossa respiração, o corpo, na realidade, utiliza o CO2 como seu “marcador” para uma respiração apropriada. O efeito mais importante da hiperventilação então é realizar uma queda na produção de CO2. Isto, por sua vez, leva a uma redução do conteúdo ácido do sangue, o que conduz ao que é conhecido como sangue alcalino. São estes dois efeitos – uma redução de CO2 no sangue e um aumento da alcalinidade do sangue – que são os responsáveis pela maioria das mudanças físicas que ocorrem durante a hiperventilaçao.

Uma das mudanças mais importantes que ocorre durante a hiperventilaçao é a constrição ou o estreitamento de certos vasos sanguíneos do corpo. Particularmente o sangue enviado ao cérebro é de certa forma reduzido. Aliado a este estreitamento dos vasos, a hemoglobina aumenta sua “pegajosidade” com o oxigênio. Por isso, não apenas o sangue alcança menos áreas do corpo, como o oxigênio carregado pelo sangue também é menos liberado para os tecidos.

Paradoxalmente, então, enquanto que uma respiração aumentada significa que mais oxigênio está sendo levado para dentro do organismo, menos oxigênio alcança certas áreas de nosso cérebro e do corpo. Este efeito resulta em duas categorias de sintomas:  

(1) centralmente, alguns sintomas são produzidos pela ligeira redução de oxigênio a certas partes do cérebro (que incluem tonteira, sensação de vazio na cabeça, confusão, falta de ar, visão borrada e desrealização);

(2) perifericamente, outros sintomas são produzidos pela ligeira redução de oxigênio a certas partes do corpo (que incluem um aumento no batimento cardíaco para bombear mais sangue pelo corpo; dormências e formigamentos nas extremidades; mãos frias e suadas e algumas vezes enrijecimento muscular).

É muito importante lembrar que as reduções de oxigênio são ligeiras e totalmente sem perigo. Também é muito importante observar que hiperventilar (possivelmente através da redução de oxigênio a certas partes do cérebro) pode produzir uma sensação de falta de ar, estendendo-se algumas vezes à sensação de engasgar ou sufocar, de modo que possa parecer como se a pessoa de fato não estivesse conseguindo ar suficiente.

A hiperventilaçao é também responsável por uma serie de efeitos generalizados.

• Em primeiro lugar, o ato de hiper-respirar é um trabalho físico ‘pesado”. Portanto, o indivíduo pode sentir-se frequentemente encalorado e suado.

• Segundo, justamente pelo esforço de hiper-respirar, períodos prolongados de hiper-respiração resultarão quase sempre em sensações de cansaço e exaustão.

• Em terceiro, pessoas que hiper-respiram geralmente tendem a respirar pelos pulmões ao invés de respirar pelo diafragma. Isto significa que os músculos do peito tendem a se tornar cansados e tensos. Assim, elas tendem a experimentar sintomas de pressão e até de dores severas no peito.

Finalmente, muitas pessoas que hiper-respiram, costumam manter um hábito de constantemente suspirarem ou bocejarem. Estes cacoetes são na realidade, formas de hiper-ventilação, já que sempre que alguém suspira ou boceja, elas estão jogando uma grande quantidade de Co2 no organismo de maneira bem rápida. 
Por isso, quando tratado deste problema, é importante perceber hábitos diários como suspirar ou bocejar e assim tentar suprimi-los.

Um ponto importante a se notar sobre a hiper-ventilação é que ela não é fácil de ser percebida por um observador. Em muitos casos, a hiper-ventilação pode ser muito sutil.

Isto é especialmente verdadeiro se o individuo esteve hiper-respirando por um longo período, neste caso, pode haver uma redução acentuada de CO2, mas devido à compensação no corpo há pouca mudança na alcalinidade. Assim, nenhum sintoma será produzido. Contudo, devido às baixas taxas de CO2, o corpo perde sua capacidade de lidar com as mudanças de CO2 de modo que até uma pequena alteração na respiração (como um bocejo por exemplo) pode ser suficiente para disparar os sintomas.

Isto pode estar relacionado com a natureza repentina de muitos ataques de pânico, por exemplo, durante o sono, e isso é uma razão de por que muitos dos que sofrem deste problema costumam relatar que “não me sinto como se estivesse hiper-ventilando”.

Provavelmente o ponto mais importante a se fazer sobre a hiper-ventilação seja mostrar que ela não é perigosa. A hiper-ventilação é uma parte integral da reação de luta-ou-fuga e por isso sua função é a de proteger o corpo do perigo, e não de ser perigosa.

As mudanças associadas com a hiper-ventilação são aquelas que preparam o corpo para a ação de modo a escapar de um perigo em potencial. Assim, é uma reação automática do cérebro para imediatamente esperar o perigo e, claro, para o indivíduo sentir a premência de escapar. Consequentemente, é perfeitamente compreensível, que o sofredor acredite que o problema é interno.

E lembre-se que longe de ser prejudicial, a hiper-ventilação é parte de uma resposta natural, biológica voltada para proteger o corpo de qualquer prejuízo.

O mais importante é você aprender a respirar pelo diafragma e deixar de hiperventilar o que fará com que as crises de pânico deixem de ser desencadeadas.  

domingo, maio 08, 2011

Brian May talks about Prince / Brian May fala sobre Prince (2007)

"Well, I had a treat this weekend [Sunday 16 Sept]... I don't get out much recently, as you might know!

But this was not to be missed. Prince, the Artist. At the O2 arena.

Well, a great thing to see. I know about 400,000 other people who probably had the same feeling that I had ... it was a feeling of peeking in to watch a genius at work. To my mind, Prince really is that rarity, a work of art in itself. He actually just has to be there, doing what comes naturally to him, and he is endlessly fascinating. In fact, he is so much a part of his own act that I feel he is the embodiment of a paradox - it is as if, when a performer goes to the extreme of awareness of himself as an artist, he becomes, in a way, a thing of which he cannot be aware. We are then in a kind of voyeuristic position - we see him as something elemental - like watching a thunderstorm. It's impossible to find reasons for a lot of what Prince does, but it's all individual, and it's all HIM. Within his incredibly unusual stage persona, he produces, as if out of a hat, choreography, vocal gymnastics, sensuality, dazzling keyboard playing, and world-class guitar-playing - all splashed out with an apparently careless bravura, and much of it treading the dangerous line between the planned and the spontaneous. You could not really ask for better value for money ... the guy is every inch the real thing - a thing of quicksilver and gossamer, and pure rhythm - a free spirit of Rock. I have never met him, though our paths have come close. I have no idea how hard it could be to work with someone like this ... though he has a lot in common with Freddie, as far as I can tell. But I felt very lucky to see this piece of living art, a thing of beauty. Incidentally, one of his daring masterstrokes on the night I saw him was a version of Led Zeppelin's Whole Lotta Love. The Artist, stap me, did Jimmy Page and Robert Plant all at once, with an easy confidence and effortless heaviness, and obviously huge affection, and we all got chills up the spine. Soon it will be possible for a lucky few to see the Mighty Zeppelin in the same arena, but the place is already echoing with the pre-echo of that moment, thanks to this diminutive Hendrix-James Brown-Stevie Wonder person ... a whole spectrum contained in one body.




 Incidentally, the O2 arena, for my money, is everything London has needed for along time ... as a concert venue, it succeeds in every way that the sterile new Wembley Stadium fails so miserably ... sound, view, atmosphere, infrastructure, comfort, intimacy, sense of occasion ... all great. Finally a place with the energy potential of a Madison Square Garden. Prince had the whole place dancing; I'm sure Zeppelin will unleash a different physical reaction - I can almost hear the roar ....
Let's hope they get so fired up that they take the Great Ship around the world one more time.
Cheers
Bri"

 

http://www.brianmay.com/brian/brianssb/brianssbsep07.html

sábado, abril 03, 2010

Música boa não tem idade

Acabei de sair da Modern Sound, em Copacabana, que tem um ótimo bistrô e com música ao vivo de primeira qualidade. Tava rolando um tributo à Elis Regina, feito pela super talentosa e carismática Bárbara Mendes. O mais legal foi ver gente de todas as idades cantando junto de vários clássicos, como ´Madalena´. Esse tributo vai rolar todos os sábados de Abril, e é de graça.

domingo, julho 24, 2005

Vernon rules

Caramba...depois de muito tempo sem postar....tô de volta...

Ontem foi muito bacana...um fim de semana realmente diferente. Fui pra Búzios pela primeira vez com o Allan e a Lia....assistir ao show do Vernon Reid...botei muita pilha pra isso...hehe...mas valeu.....foi um showzaço.

Tô tendo aula de guitarra há uns 3 meses agora...finalmente o prof. me passou ´Autumn Leaves´...tô adorando dar uma de ´jazz man´...hehehe

é isso...mais uma semana chegando...malhação, estudo, etc